quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Editar rasters com o GIMP

Certamente muitos de nós já nos deparámos com uma situação relativamente banal mas cuja solução, no mundo SIG, nem sempre é linear. Trata-se de edição de rasters, ou por outras palavras, "pintar" o nosso raster, ou brincar com os contrastes de modo a obter um mapa com o aspecto que estamos a imaginar. 

O programa GIMP pode dar uma ajuda nestas situações, se utilizado em conjunto com um qualquer software SIG. O GIMP é um programa de edição gráfica, com funcionalidades semelhantes às do Photoshop, que é distribuído sob uma licença GNU General Public Licence.

Princípio Geral

Há dois princípios gerais para edição de rasters georeferenciados em aplicações não SIG:

1 - Nunca se pode redimensionar o tamanho da imagem;
2 - A informação relativa à georeferenciação deve estar num ficheiro à parte e não embutida no próprio raster (como acontce por vezes no caso dos GeoTIFF).

Desde que estes princípios sejam respeitados é possível, efetuar, no GIMP, todo o tipo de edições relativas a cores, contrastes e efeitos, em rasters com extensão .tiff; ,jpg; .png; e .bmp.


I Parte - Quantum GIS

Neste exemplo vou utilizar um Modelo Digital de Elevação - MDE. O objectivo é obter um um mapa de relevos de cores suaves mas que proporcione uma leitura imediata do terreno. Eis o aspecto do raster, numa escala de cinzas (preto representa terras baixas e o branco as mais altas):


Através do menu Raster >> Terrain analysis >> Relief começo por definir 8 intervalos de cor, de 58 em 58m, começando nos 109m, altitude mínima deste raster, e terminando em 576, altitude máxima, atribuindo uma cor quente que se vai tornando mais escura à medida que o os intervalos vão representando faixas mais elevadas de terreno:


O resultado, opções estéticas à parte, é uma melhoria substancial, mas ainda não é o que eu queria. É preciso acentuar o contraste:


É a partir daqui que o GIMP pode dar uma ajuda, mas antes, há que exportar esta imagem de modo a que esteja acompanhada de um ficheiro de georeferenciação (ponto 2 dos princípios gerais enumerados anteriormente). Para tal, ainda no Quantum GIS, vamos a Raster >> Conversion >> Translate (convert format). Basicamente vamos criar uma segunda via do raster que será criada acompanhada de um ficheiro de georeferenciação, através da opção TFW YES


Este passo é imprescindivel caso o ficheiro gerado anteriormente, com a ferramenta Relief, tenha tido como output um GeoTIFF, que é um formato com a capacidade de guardar internamente a informação relativa à georeferenciação no próprio ficheiro, sem necessidade de um ficheiro adicional. Se o formato de output tivesse sido .jpg; .bmp; ou .png, não seria necessário recorrer ao Translate, porque estes formatos precisam sempre de um ficheiro à parte para armazenar a georeferenciação, ficheiro esse que é gerado automaticamente pela ferramenta Relief

II Parte - GIMP

De seguida abrimos a imagem com o GIMP. Todo o menu Colors é experimentável - de modo a não perder a georeferenciação apenas temos de ter o cuidado de não alterar as dimensões ou a resolução de imagem (princípio número #1). No fim basta fazer Save e voltar a abrir num software SIG.

Uma boa ferramenta para calibrar contrastes encontra-se em Colors >> Curves. Basta arrastar a linha do histograma da imagem, ir vendo o resultado, e clicar em Ok quando a imagem tiver a aparência desejada.


Aqui ficam os dois rasters para comparação. Este é apenas um exemplo das possibilidades do GIMP para trabalhar a componente estética dos nossos mapas. Se o objectivo é apenas obter um bom mapa de fundo, para posteriormente conjugar com outros layers, como rios, localidades, etc, utilizar o GIMP é mais intuitivo e mais fácil que a maioria das ferramentas que os SIG disponibilizam para o efeito que são, ainda, pouco fléxiveis.


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